Lado a lado

Um olhar sobre a fronteira

Projeto da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFPel propõe planejamento urbano para as irmãs Chuí e Chuy

Cidades separadas por apenas uma avenida. Culturalmente, economicamente e socialmente compartilham semelhanças que fazem delas irmãs. De Chuí - lado brasileiro -, para Chuy - parte uruguaia -, as diferenças não são tantas, a não ser pela última letra do nome e o número de habitantes de cada município. Unir as qualidades dos dois territórios e sanar os problemas urbanos da fronteira são os desafios de um projeto da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Pelotas (UFPel).

Lado a lado, brasileiros e uruguaios devem trabalhar em conjunto para desenvolver uma fronteira melhor. Essa é a fórmula apresentada por estudantes e professores do projeto de extensão Planejamento Urbana no Chuí e no Chuy. O grupo de trabalho realiza pesquisas na região, indicando passos para que as prefeituras dos dois Chuís saibam como planejar o futuro. Levantamento de dados sobre bacias hidrográficas, vegetação, territórios inocupados e linhas de drenagem esteve entre as coletas feitas pelo projeto.

Todas as informações levantadas e as propostas apresentadas no planejamento servirão como base para o Poder Público até 80 anos. Zoneamento ambiental, estrutura do sistema viário, propostas de mobilidade urbana que favoreçam o pedestre e o uso da bicicleta são alguns dos apontamentos feitos pelos estudantes. Ou seja, a Faculdade está indicando para as prefeituras para onde e de que maneira a cidade deve crescer - desde a colocação de praças e áreas de lazer até a construção de novos bairros.

“O Poder Público da região nunca teve esses dados”, conta Maurício Polidori, um dos coordenadores do projeto. O professor se refere à fronteira como um polo de atuação regional e também ressalta que a população tem se expandido rapidamente nos últimos anos: “A nossa expectativa é de que em 40 anos o número de habitantes duplique”. Atualmente, o Chuy contabiliza 9.675 mil moradores e o Chuí 6.413 mil, conforme dados do Instituto Nacional de Estatística do Uruguai e do IBGE.

Um ponto-chave do projeto é garantir que durante a expansão econômica, territorial e social dos municípios, o meio ambiente não leve a pior. Nesse processo, uma das preocupações de Polidori é a ocupação da área próxima do arroio Chuí. “As cidades vêm em direção ao arroio. Essa é uma situação drástica”, aponta, explicando que o arroio está em processo de erosão, fazendo com que BR-471 sirva de “dique”. A alternativa, então, é sugerir a ocupação de lotes de terra vazios, no lado contrário à rodovia.

Peculiaridades
A cidade mais ao sul do Brasil, localizada na margem esquerda do Arroio Chuí, tem a maior área de periferias. “Muitos uruguaios migram para lá, já que o custo de moradia é menor”, conta Polidori. A região foi terra disputada por Espanha e Portugal nos séculos 18 e 19. Pela situação de fronteira, de limite, e pela proximidade da irmã, o desenvolvimento econômico e cultural do Chuí brasileiro esteve sempre ligado ao uruguaio. A atividade principal do povo é o comércio - povo este que é formado por uma mistura de etnias e nacionalidades - principalmente brasileiros, uruguaios e árabes-palestinos. O lado uruguaio da avenida é famoso pelos free shops, que atraem centenas de consumidores pelotenses.

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